Vamos todos ler porque a Internet emburrece as pessoas
Fim de mais um ano sem surpresa, sem ídolos (ou com ídolos, para quem não é das antigas), sem títulos, mas com estória para contar. O lançamento do livro "O Artilheiro que Não Sorria - Quarentinha , o Maior Goleador da História do Botafogo", de Rafael Casé, vem trazer a distração necessária para quem ficou um ano atrás de tal prêmio, de quem se preocupou demais com toda essa coisa chamada futebol.
A impressão que se tem é que, frustrações à parte, todos estão a fim de degustar uma boa leitura, respirar um pouco mais dessa botafoguicidade e se deixar envolver, conhecendo aprofundadamente a história de um dos maiores atacantes do futebol brasileiro e carioca. Peraí....atacante? Quarentinha? Quem?
Pois é, no mundo googleizado atual, soa estranho falar-se nesse nome ao se lembrar o que é o Botafogo. Inúmeras figurinhas fáceis, de ontem e de hoje, remetem ao imaginário atrelado ao preto e branco, e o engraçado é que muitas delas estavam ali, bem perto do artilheiro filho de Quarenta, também ex-jogador.
Para que tudo fique (um pouco) mais claro, dá-se a palavra para quem presenciou o evento: quem viveu com Quarentinha e sabe do seu lado boêmio, como o sambista Walter Alfaiate ( procure no Google se não sabe quem é); quem viu Quarentinha jogar, sabe do seu potencial e conta histórias nas quais acreditamos piamente, até que Rafael Casé(ou o Google) nos prove se é verdade ; ou de quem nem viu nem viveu, mas somente entrou no Google mesmo. Ou nem isso.
Mas se você não entrou nenhuma vez na Internet para fazer isso, por favor, acredite neles. Ou compre o livro.
Peço aos leitores que leiam primeiro a matéria depois o vídeo.
É difícil para o público, acostumado ou não a ver apresentações de teatro, imaginar o trabalho que dá para montar todos os detalhes, até ficarem da forma que são vistos. Preparar todos os aspectos do cenário, figurino, áudio e luz requerem horas e horas de um trabalho que envolve, ao mesmo tempo, vigor físico e sensibilidade. Vigor para pregar, subir, carregar; sensibilidade para combinar, posicionar, distribuir. Depois, com tudo pronto, é a hora da realização do espetáculo que, na verdade, começou bem antes.
por Luis Filipe Valente, Bruno Gouveia e Pedro Henrique Pessoa
Iniciada em 14 de novembro, a Mostra de Teatro da UFRJ tem sido uma ótima oportunidade para que os aficionados por teatro entrem em contato com novos talentos da área, sejam diretores, atores, figurinistas etc. Ao todo, serão nove peças, exibidas na sala Oduwaldo Vianna Filho, na Escola de Comunicação (ECo), no campus da Praia Vermelha, sempre às 20h. O evento também funciona como uma formatura para alguns dos alunos de Direção Teatral, além de uma chance para que artistas de outros lugares possam despontar.
Este é o caso da peça Perdoa-me por me traíres, de autoria de Nelson Rodrigues, que será apresentada nos dias 28, 29 e 30 de novembro. Dirigida por Michelle Ferreira, aluna da própria ECo, a peça juntou pessoas de diferentes cursos e faixas etárias. Dentre as quase 30 pessoas envolvidas na apresentação, o holandês Martinus Van Beeck, no Brasil há quatro décadas, é uma das figuras mais queridas. Aos 66 anos, ele retomou há apenas quatro uma paixão antiga que precisou ser esquecida quando veio para o Brasil. “Na minha juventude, estudei teatro na Holanda. Porém, quando vim para cá, precisei trabalhar, e deixei um pouco de lado. Quando me aposentei, entretanto, resolvi me envolver novamente”, explica ele, que fez um curso de teatro no Retiro dos Artistas e já está em sua quinta peça. “É uma peça muito importante, até porque é do Nelson Rodrigues, que cria personagens excepcionais, cheios de contradições. Eu faço o Doutor Jubileu, um homem que, ao mesmo tempo em que é um deputado poderoso, é totalmente fraco perante as pessoas com as quais se relaciona. É uma personagem deliciosa”, afirma.
Opinião semelhante tem Ellysa Movara, de 19 anos, atriz da Casa das Artes de Laranjeiras, que interpreta a sensual Nair na peça. Para ela, a complexidade de sua personagem exigiu bastante dela: “É uma personagem completamente diferente de mim, e achei isto bastante desafiador. Não quis mostrar a Nair apenas como uma menina sensual, leviana. Ela é muito mais do que isso”, disse, elegendo a cena do aborto sem anestesia como a mais difícil. “Saio até meio perturbada depois da cena, é muito complicado. Mas este é o projeto em que tive mais prazer em fazer”, afirmou. Para ela, o fato de as pessoas envolvidas estarem realmente preocupadas com a arte faz com que a peça sobressaia. “As pessoas aqui passam muito amor, não estão preocupadas somente com bilheteria, e sim com a qualidade do trabalho”.
Misturando pessoas de perfis diferentes, mas com uma paixão em comum, Perdoa-me por me traíres fala sobre uma família desestruturada, mas ainda presa a convenções sociais, ainda que imersa em desejos reprimidos. Se os personagens são intensos e cheios de contradições, os atores mostram afinidade no discurso quando o assunto é a Mostra de Teatro. “Esta Mostra valoriza nosso trabalho, é um grande incentivo ao teatro”, diz Ellysa. Já o simpático Martinus, numa empolgação juvenil, resume bem seu sentimento: “O teatro está vivo!”.
A apresentação não é finalizada: há mudanças minutos antes e, na hora, improviso
Dililim, dililim, tum-tum, dililim, tum-tum, rosa, azul, ta-cabã, dililim, amarelo, tum-tum, ta-cabã, vermelho, verde, roxo, vermelho de novo. Sons e cores se unem e encaixam no Tangolomango – Festival da Diversidade Cultural. A palavra que dá nome ao evento é uma variação de tanglomango, que significa doença atribuída a feitiçaria; bruxedo, de acordo com o Dicionário Aurélio.
É na Fundição Progresso, na Lapa, que a integração de olhares e movimentos provenientes do Rio, São Paulo, Pernambuco e Santiago (Chile) acontece naturalmente, mas o primeiro passo vem dos organizadores do evento, que possibilitam o encontro e a realização do festival.
Após abertas as inscrições para a participação no evento, escolhem-se os grupos que irão compor o espetáculo. Marina Vieira, diretora do Tangolomango, conta com orgulho que a maior parte dos grupos que participa se inscreve para as edições seguintes. Porém, há preferência para grupos novos. “Preferimos dar oportunidade a outros grupos, pois o objetivo é que os que já participaram continuem esse trabalho em sua localidade”, explica Marina. A diretora conta que a integração que acontece no festival pode (e deve) ocorrer entre grupos de lugares próximos, mas esses, muitas vezes, não têm o hábito de trabalhar juntos. O Tangolomango vem promover essa idéia.
O roteiro da apresentação de domingo é construído pelos diretores João Carlos Artigos e Sidnei Cruz durante as oficinas que acontecem nos dois dias anteriores. O espetáculo se constrói entre pernas de pau, cores fortes e fantasias. Ao som de tambores, pandeiros e até pentes, as combinações se encaixam e os diretores vão no embalo do que acontece. O grupo de forró de Geraldo Júnior promove a coesão. João Carlos explica que não vai ao Tangolomango com idéias planejadas. A função dele é “colocar pilha” no que está acontecendo, sem se preocupar com exatidão, certo de que o resultado será bom. “O norteador do espetáculo é a generosidade intelectual”.
Sobre o Circo del Mundo, grupo circense chileno, Marina diz que a participação deles deve ser tão natural quanto a dos brasileiros devido à diversidade que constrói os países latinos. Mércia Britto, responsável pela curadoria dos grupos latino-americanos, conta que é a primeira vez que o Tangolomango recebe estrangeiros. O principal critério de seleção é que o grupo tenha a “essência de intercâmbio”. A partir daí, as barreiras idiomáticas são vencidas pela proposta da troca.
Os chilenos não são a única novidade do ano. É a primeira edição do evento que conta com um blog e uma mesa-redonda no dia seguinte ao da apresentação. O blog acompanha o ritmo da festa ao estar disponível para postagens e comentários, enquanto na mesa-redonda, participantes e organizadores contam suas impressões e fazem sugestões. Dois fatores que reforçam a idéia de reciprocidade.Aliás, esse é um elemento presente em todos os momentos do festival. João Carlos explica que o que permite tamanha troca é o fato de as pessoas estarem com "ouvidos e olhos atentos para receber mais do que dar". É o desapego que permite a integração. Usa-se um pouco da arte de cada grupo. Perde-se parte de sua performance para somar à do outro. "Nenhuma idéia é tão genial que não pode ser mudada." Isso tudo faz com que a apresentação se desenvolva a partir do "princípio da brincadeira". "O que importa é o momento presente, o ato de fazer. Aqui a gente não tem o sentimento de futuro que perturba as pessoas o tempo todo".
O Tangolomango é formado pelo presente, pelo o que se vê e pelo o que se sente, por experiências, passos, palavras e emoções. E por aquilo que não pretende terminar. Dililim, tum-tum...
A lógica da coisa havia praticamente se invertido. Karen, nove anos, da AMC(Associação de Músicos e Compositores), de câmera na mão, é quem faz a entrevista:
- Vocês tocam o quê?- pergunta a menina, curiosa.Quase que em uníssono respondemos, após uma certa hesitação:
- Nada.
Com tudo o que foi visto e apurado ao longo do dia de ensaios para o Tangolomango, festa-evento de integração entre grupos culturais de origens as mais diversas, é possível pensar que todos os lá presentes “tocavam” algo. A pequenina integrante do grupo “Pandeloucos” era só mais uma prova disso.A presença de Karen havia saltado aos olhos de todos desde nossa chegada. Munida da câmera, a criança invadia todos os ambientes e registrava seu olhar acerca do que ocorria naquele cantinho da Fundição Progresso. A menina intercalava suas apresentações com suas representações, produzindo tanto como artista quanto como público. E tal produção gerou integração:
- É a primeira vez que eu venho aqui, mas quando acabar tudo, já peguei o telefone de todos para poder ligar e ficar conversando – diz o pequeno destaque do evento.Karen é somente mais um exemplo de como o grupo envolvido no acontecimento era multiprodutor de conteúdos. A intenção do Tangolomango é realizar a troca cultural, através justamente da simultaneidade de relatos e ações inerente a essa multiprodução.
Uma das integrantes da equipe de organização da festa, Luciana Ribeiro, do Nós no Morro, define o evento:
- É uma oportunidade para a solidariedade artística, porque aqui o artista pode ser visto o tempo todo, que é a sua grande vontade - diz.
Luciana, que participa do evento desde a sua primeira edição, em 2002, explica que a idéia da câmera é só mais um dos artifícios para possibilitar a completa integração entre os grupos. Sobre o fato de a câmera ser dada aos artistas para que façam um documentário, ela diz:
- A questão do documentário é fazer a pessoa entrar na roda. Mostre o que você quer, o que você tá vendo nesse lugar, as suas vontades, curiosidades, etc.Para fazer esse registro, a equipe priorizou crianças e adolescentes, por julgar diferente o seu olhar . Toda a liberdade foi dada e, segundo Luciana,os pequeninos se saíram bem em quase tudo. Quase.
- O mais difícil com criança é fazê-la entender que o zoom só pode ser usado quando ele é estritamente necessário - brinca.
Apesar da novidade de ter uma câmera na mão e um espaço enorme para explorar, a menina Karen não titubeou ao afirmar sua preferência entre o pandeiro e a filmadora:
Karen com a filmadora...
... e com o pandeiro, sua vida.
- O pandeiro. A percussão é a minha vida- diz a menina, que pretende ser professora de bateria quando crescer.
Roda disforme
Durante os ensaios, outros exemplos de integração artista-público-artista puderam ser vistos. O clima era de apreciação durante todas as apresentações, e os grupos que não faziam parte do que estava sendo exibido paravam para ver e comentar entre si. Mas na verdade tais comentários eram a menor parte da integração. Formava-se uma roda, em que esse público já era parte constante da apresentação. Os componentes do Gigantes Pela Própria Natureza - grupo que se apresentava em cima de pernas-de-pau - , que admiravam a apresentação teatral do grupo chileno Circo Del Mundo eram os mesmos que, pouco depois, dançavam capoeira ao som dos Pandeloucos, mesmo com a suposta dificuldade imposta pelo equipamento que levavam às pernas.
Com o passar do tempo e a conseqüente desinibição dos participantes, a roda foi aumentando de tamanho até se tornar disforme e ultrapassar a definição geométrica que lhe é atribuída. O que se via era um grande grupo de pessoas interagindo, pessoas essas que minutos antes estavam se apresentando, num ambiente de troca, mas também de conhecimento. Uma imensa “roda” de forró se formou na apresentação da banda de Geraldo Júnior, e aí já não era mais possível não perceber tal solidariedade artística.
Um dos grandes expoentes dessa troca e solidariedade foi o “streetdancer” André Virgínio, vulgo “Feijão”, participante da Companhia Urbana de Dança. O grupo de André não pôde comparecer ao evento por completo, mas o dançarino estava lá compensando a ausência de seus companheiros. Ele foi a grande representação da citada “solidariedade artística”.
André incorporava cada ritmo como se fosse o seu e, no menor tilintar do som, já estava se mexendo. Segundo suas palavras:
- Não consigo captar uma leitura para a música, mas várias. Assim, consigo fazer meu corpo trabalhar de acordo com o que tá rolando.
O dançarino incorporou o conceito de público ao mesmo tempo que o de artista e protagonizou cenas de muita animação e integração. Extasiado, afirmava:
- É um evento super maravilhoso, o que mais vale é o fato de ter uma interação cultural, é o grande prestígio da coisa.
No final, André sintetizou todo o evento, desde Karen até Luciana, passando por forró, samba, capoeira, teatro e por ele mesmo.
- Considero-me um artista o tempo todo.
Texto: Igor Santos
Entrevistas: Thiago Etchatz, Renato Senna e Igor Santos
No último domingo, dia 9, após semanas de preparo e dois dias de ensaios intensos, em fim ocorreu o show do Tangolomango! Nessa sétima edição do Festival de Diversidade Cultural, dominaram os ideais de integração, comunicação, contato humano mesmo, entre os mais diversos grupos culturais e o público. Integração essa que começou nos primeiros passos dos expectadores dentro do Circo Voador, quando foram recebidos pela orquestra de rua Gigantes Pela Própria Natureza.
Começa aí, mas estava longe de terminar!
O show começou com uma apresentação conjunta das meninas do Balé Afro Majê Molê e da orquestra, cujos membros continuaram a dançar ao ritmo da apresentação do balé enquanto este tomava o palco. Essa interação foi percebida e ressaltada pelo público como o mais interessante e importante do evento.
Após vários momentos em que o balé e a orquestra trocavam de lugar e papel na apresentação, eles cederam o espaço para apresentação do próximo grupo, os Pandeloucos do AMC. Os pandeloucos são formados pelos alunos crianças da Associação do Movimento de Compositores da Baixada Fluminense e fizeram uma boa apresentação, que num olhar rápido destoa um pouco dos outros participantes, mas foi nesse momento que realmente vimos essa integração de que tanto nós e as inúmeras matérias sobre esse Tangolomango mencionamos. Enquanto nossos aprendizes do ritmo batucavam, os Gigantes, em vez de descansar para sua próxima apresentação, dançavam do alto de suas pernas de pau ao ritmo dos Pandeloucos!
Logo após, a integração no palco continuava, com uma dança conjunto dos Gigantes e da Cia. Urbana de Dança, formada por moradores dos subúrbios e das favelas do Rio de Janeiro. E logo depois, com as meninas do balé afro majê mole sapateando com a Cia de dança.
Em seguida, algumas das melhores apresentações da noite, uma das apresentações circenses, que superficialmente pareciam quase momentos de pausa ou intervalo nas apresentações dançantes, mas acabou por tirar o fôlego e hipnotizar a platéia. A interação dos artistas circenses com os outros participantes era quase musical, como se as diferentes apresentações fossem trechos da mesma canção, cada movimento dos participantes um tom e os momentos do Circo Del Mundo foram momentos de menos atividade aparente, sem dança, e, conseqüentemente ou não, mais impactantes. Como podemos ver no vídeo a seguir, as apresentações das acrobatas do Circo Del Mundo imobilizaram os espectadores.
Na cerimônia de encerramento todos os grupos foram apresentados no palco, recebendo os aplausos do público. Logo em seguida, no mesmo espírito de multiplicidade e interação, o público foi convidado a dançar com os participantes ao som do grupo de forró de Geraldo Júnior.
Desavergonhadamente plagiando nosso colega Pedro Pessôa, deixamos aqui nosso grito de paz pelo Tangolomango 2008 e que, assim como as trocas de experiências, contato e saber que sem esse festival não teriam acontecido, ele possa ecoar por anos:
O vídeo “PinECO” pretende esclarecer a importância histórica do Instituto Philippe Pinel e a sua relação com o campus da UFRJ da Praia Vermelha, assim como ressaltar sua relevância na evolução dos tratamentos psiquiátricos. O filme conta com o depoimento de renomados especialistas na área da medicina mental.
A chapa "De que lado você samba? Oposição Unida" ganhou as últimas eleições do DCE, no semestre passado. Após quase um ano, os seus integrantes pouco fizeram pela resolução dos problemas do dia-a-dia do campus da Praia Vermelha. Seu discurso concentra-se na luta contra o Reuni.
O vídeo aqui sobre o mandato do DCE, ao mesmo tempo que abre os olhos para os problemas da universidade e de seus representantes, mostra que jornalismo pode ser feito com baixo orçamento. O potencial está mesmo é na criatividade...(continua abaixo)
...Gravar com uma câmera digital se mostrou uma excelente arma, já que pode ir em lugares complicados sem ser notada e não é tão ofensiva quanto a parafernália convencional. Com a câmera fotográfica, a entrevista fica mais leve, mais propícia para o entrevistado se expor. Se aproximar da fonte. Mobilidade, novas construções. Captar imagens e confissões a qualquer momento. Jornalismo mais flexível. Pegar os alunos reunidos também dá mais credibilidade, porque não foi montado nenhum cenário ou situação anormal para eles falarem.
Além da câmera digital, elemento conhecido intimamente por grande parte dos jovens, o fato de sermos nós os entrevistadores também contribuiu para o conforto dos entrevistados. Eles peceberam que vivemos a mesma realidade que eles e que podiam conversar informalmente sem serem julgados pelo interlocutor. Nesses depoimentos, as pessoas viam a importância de registrar suas insatisfaçoes, mesmo sem muita esperança de resolução.
No caso específico do nosso trabalho, que consistiu em criticar o DCE por não lutar pelas causas do dia-a-dia, percebemos que o buraco é muito mais embaixo. A gestão atual é tão fraca, que uma das entrevistadas achava que DCE era só o bar. E, possivelmente, ela não é a única que pensa dessa forma.
Em nossa aventura pelo campus, registramos em vídeo a maioria dos descasos existentes para com o patrimônio da UFRJ. Somamos a essas imagens entrevistas de estudantes para, em seguida, confrontá-las com o discurso dos representantes do DCE. O grande problema dessa experiência foi editar os vídeos. Sem o mínimo de organização, manejar programas como Movie Maker e Adobe Premier pode se tornar um verdadeiro desafio. Mas a proposta é muito interessante, já que nos permite botar a mão na massa, participar de todo o processo, dando à reportagem mais a nossa cara.
E para quem não está acostumado a lidar com a linguagem audiovisual foi a oportunidade de perceber que um texto em vídeo precisa ser trabalhado como um texto escrito, no qual não bastam frases soltas. É preciso organizá-las para formar a coesão. Da mesma forma, tivemos que editar entrevistas e imagens gravadas separadamente para construir um texto dinâmico e coerente.
Foi um conjunto de experiências novas. Entrevistar, gravar, editar. Nosso início em um jornalismo que será desenvolvido no decorrer deste laboratório. Depois disso, sempre sentiremos necessidade de uma reportagem cujas regras serão ditadas pelo nosso estilo.